quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Olha para a frente!
Porque é que me lembrei disto? Porque há dias vi o meu amigo e dei-lhe um grande abraço. E também porque quero congelar este sentimento de surpresa no tempo.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Escreve Inês, escreve
Avancei de novo porque isto começa a tornar-se uma questão de necessidade.
Não sei por onde começar. Mau sinal. Porque estou outra vez na imensidão de coisas que acontecem e não consigo ser objectiva e concretizar. Assim ninguém percebe a não ser eu. Orgulhosamente só?! Perigo!!!
E depois começo outra vez a pôr em causa a questão do blog."Não seria melhor escrever o meu diário e ser discreta?", "Isto não é o mesmo que aquelas pessoas que põem no status o que estão a fazer a toda a hora e com pormenores?".
Pela minha experiência comigo própria, acho melhor ignorar as ideias muito quadradas e baseadas na insegurança.
Isto é tudo sinal que preciso de escrever, quando tiver alguma coisa para escrever, claro. No blog, no diário, na folha. E acabar o que quero dizer. Preciso de escrever mas não me posso esquecer do resto!
sábado, 6 de junho de 2009
You put a pacemaker, you learn
Mais importante porque um pacemaker põe-se em meia hora mas depois... depois é que são elas. Um dia inteiro sem me poder levantar da cama e com uma rede à volta do braço, para não o mexer.
Se houve alturas em que eu teria desesperado perante esta ideia, resistido como uma pessoa a tentar livrar-se de uma camisa de forças, desta vez aceitei com naturalidade e tranquilidade. Vá, talvez a tranquilidade também viesse do calmante que me deram. Mas o efeito do calmante não dura um dia inteiro. Houve qualquer coisa de novo e surpreendente na relativa calma com que aceitei tudo. Não é fácil não ter nada para fazer, não é fácil não nos podermos mexer, não é fácil depender das enfermeiras e auxiliares. Não é fácil mas pode tornar-se mais fácil.
Toda uma rede que me amparou e não me deixou ir pelo meu desespero adentro. A minha família, os meus pais, sempre comigo desde que entrei até que saí. Não teria sido a mesma coisa sem eles. E depois voltei àquela fase de precisar que me dessem comida à boca e me alcançassem os objectos a que não chegava. Não faz mal, era só por um dia. Toda a equipa que tratou de mim, desde o pessoal de Hemodinâmica ao pessoal de Cardiologia. Pareciam conhecer-me há anos, alguns tratavam-me pelo nome. Com uma atitude de normalidade e rotina perante uma situação de doença. Como se toda a gente pusesse pacemakers todos os dias, como se fosse nornal uma pessoa de 22 anos não conseguir beber água a não ser com uma palhinha e com a cabeceira da cama articulada levantada. Humilhante? Nem por isso... O telemóvel, uma janela para o mundo! Sempre do lado direito, claro. Não, o telemóvel foi apenas o meio, o importante foi quem ligou. Foi muito bom receber telefonemas e mensagens enquanto estava deitada na caminha. E lá está, mais importante que a quantidade é mesmo a qualidade. E essa foi garantida, obrigada a todos!
E finalmente, a minha vizinha do lado. Uma senhora com Alzheimer, que já estava no hospital há 15 dias. Se no principio só ouvia grunhidos e suspiros por detrás da cortina, no dia seguinte foi muito engraçado observar melhor esta senhora, vê-la nos períodos de doença e nos de relativa lucidez, conhecer a família. Muita simpatia e empatia.
Às 21h do dia seguinte já estava sem a rede ao peito (que alívio!!!) e pronta para outra. E... onde é que está o pacemaker? Não o vi quando mudaram o penso, só mesmo a cicatriz. "Agora não apanhes muito sol aí para não ficar a marca!" Sei lá, talvez queira uma cicatriz no peito...
Tudo isto se passou no Hospital de Santa Cruz, passo a publicidade. Tenho a dizer que foi uma experiência interessante.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
O Pacemaker
Pacemaker: ok, se não há mesmo nada a fazer..., até vai ser engraçado, vou ser diferente das outras pessoas. AAAHHHH, uma coisa estranha no meu corpo, uma bola no meu peito, os meus decotes arruinados; esqueci-me de tudo o que aprendi sobre pacemakers, detesto hospitais; até posso morrer, se alguma coisa correr mal! Olha, que se lixe, vou ter que fazer isto.
Resumidamente foi esta a minha reacção ao longo do tempo, depois de saber a notícia.
Quando me ligaram a dizer que seria na semana seguinte... "Já? Mas não podia ser daqui a um mês?" Eu, que me estava sempre a queixar que nunca mais ligavam e que já me imaginava a descarregar a minha fúria em cima de uma funcionária do hospital!
Para um profissional de saúde, ser doente é quase surreal. É o outro lado. Já não é preciso tentar compreender aquilo que muitas vezes nos repetem durante o curso: pôr-se no lugar do doente. Espera-se e desespera-se.
sábado, 23 de maio de 2009
Dancemos no Mundo
Dancemos no Mundo (Sérgio Godinho)
Isto é como tudo
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira
Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis
Tratados, acordos
são pântanos, lodos
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Por ódio passado
(que seja maldito)
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância
Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo
Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas
Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões
Acenda-se a tua
luz na minha rua
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo
Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só
quarta-feira, 13 de maio de 2009
(Bons) Velhos Tempos
Hoje tratei do que tinha a tratar. Fui à secretaria e à papelaria. Resolvi beber água naquele chafariz ao pé do bar. Os chafarizes foram remodelados enquanto eu estudava na Leal. Custa horrores a abrir a água porque tem que se fazer imensa força e ao mesmo tempo tem-se medo que a força seja tanta que nos deixe completamente molhados. Vi a Dona Celeste a subir as escadas do pavilhão E, ela não me viu. Parei na cascata. Ainda lá estão as tartarugas! Comecei a descer as escadas para me vir embora, estava um casalinho a namorar ao pé do chafariz do pavilhão C.
De repente tenho 15 anos outra vez e estou na Leal. E tento lembrar-me onde é que eu andava quando tinha mesmo 15 anos, onde é que andava a minha cabeça, o que é que eu pensava e fazia? Será que via tudo o que estava à frente dos meus olhos?
Voltei para casa. Encontrei de novo a minha professora de Português no mesmo sítio. Fiz o caminho como o fazia quando estudava. Passei pela escola primária, a Dona Cruz estava ao portão. Vi que ficou contente por me ver. A Dona Cruz era auxiliar na escola primária no meu tempo e continua a ser, é uma figura muito querida e que faz parte da escola. Estivémos a lembrar aquele tempo, os manjericos, os meus avós. Acabei por entrar para ver a horta, que antigamente era dos manjericos e agora é dos alunos do 4º ano. A Dona Cruz tem muito boas recordações desse tempo e alguma saudade. Eu lembro-me mas já não pensava nisso à muito tempo.
Hoje parece que tirei o dia para um regresso ao passado. Mas o que é incrível é que isto é preciso. O presente e o futuro só fazem sentido com um passado. Não faz sentido fecharmos tudo o que está para trás e fazer de conta que somos uma coisa completamente diferente do que éramos. Há algures um fio condutor, por mais difícil de ver que ele seja ou por mais esquecido que esteja.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Light up, light up (go, go, go, go!)
O dia teve de tudo. De manhã começamos em Inglês, depois da música claro. Depois do almoço o nervosismo da entrevista. Passou, respirar fundo. De volta para Sintra. A conversa das segundas. Mal tenho tempo de me sentar em casa porque vou de novo para Lisboa para... uma aula de meditação colectiva. Sim, consegui ficar paradinha em silêncio sem estar a dormir. Não pude ir tomar café porque eu estava em Lisboa e o café estava em Rio de Mouro. Mas obrigada Tiago. De regresso a casa, na estação de Entrecampos, oiço isto: "Eu quero ser tudo quando for grande." Era a Mariana de 6 anos. Conheci a Mariana em Entrecampos e despedi-me dela no Cacém. Tenho uma nova amiga.
Estou tão cansada. Andei pra caramba hoje, doem-me as pernas. Mas há coisas mais importantes e lições a tirar. Basta andar de olhos bem abertos.
Não perceberam nada? Fui muito vaga e não expliquei os pormenores? Hoje já não vai dar. Se me apetecer falo de cada uma ou de algumas coisas separadamente. Mas por agora... com licença!
Give it to mama...
So if you want to, you got the green light!
Go, go, go, go!
(uhhh)
and...
Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear
Louder, louder
And we'll run for our lives
I can't hardly speak I understand
Why you can't raise your voice to say
sábado, 18 de abril de 2009
Ele não está assim tão interessado
Gostei imenso deste filme! E porquê? Porque me reconheci e identifiquei, a mim e a pessoas que conheço, nalguns comportamentos das personagens femininas. Umas mais do que outras, feliz ou infelizmente. As mulheres têm mesmo alguma tendência para os dramas e as viagens. Isto será inevitável, faz mesmo parte da coisa? Ou temos de saber lidar melhor com a aparente indiferença masculina e com a nossa insegurança? Ler sinais é sempre complicado. Aquela mensagem de boa noite às 2 da manhã pode não querer dizer nada, não é?! O cúmulo é estar na aula de yoga a olhar desesperadamente para o telemóvel! ahahah
E depois esta mania de que aquele exemplo, aquilo que aconteceu com aquela pessoa, também está a acontecer comigo, por isso tenho que fazer alguma coisa.
Ao longo do filme queria mesmo saber como é que as personagens iam acabar porque as histórias ficaram de certa forma baralhadas. E não achei o final assim tão óbvio. Achei engraçado tendo em conta o título do filme e tendo em conta que não estava à espera de nada.
Foi o filme certo no momento certo.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Para que é que ele te serve?
Vou começar a fazer este exercício mais vezes!
domingo, 12 de abril de 2009
Bittersweet
Bem, esta conversa toda para dizer que este é o meu estado de espírito hoje. Vai sendo por estes dias, vai e vem.
E depois hoje é dia de Páscoa, o que torna tudo mais... acentuado e de alguma forma estranho.
É dia de Páscoa e eu não sei muito bem o que é isto quer dizer para mim. Ao mesmo tempo, esta semana fui a Espanha e vim sem sair de casa. Aterrei em Vila Franca. Felizmente tive quem me amparasse a queda e puxasse para o chão, para a realidade. Quantas vezes até eu perceber que não é preciso ir a Espanha nem à Conchinchina? Só é preciso estar em Rio de Mouro. Enquanto isso... bittersweet
Quando comecei a escrever estava a ouvir o "Humpty Dumpty" da Aimee Man, on and on, agora já não.
domingo, 5 de abril de 2009
Espacio Sideral
http://www.youtube.com/watch?v=u_DhzYDN6ow
Vejam o link enquanto eu não me entendo com estas coisas de pôr videos no blog! lol
domingo, 22 de março de 2009
Felizes são os pés daqueles que vivem e anunciam a verdade
Ao contrário das outras missas semanais, esta teve coro. Era dia do pai, a missa foi especial. Agora me recordo de irmos à missa nos 19 de Março e de alguém dizer sempre "A missa do dia do pai é muito bonita." Agora lembrei-me, mas quando entrei na igreja estava completamente esquecida disto.
A minha ida à missa nesse dia faz-me lembrar o que a Susana me disse um dia sobre um amigo ou amiga dela. Não nos vemos muitas vezes, mas quando nos vemos podemos falar de tudo!
Sinto-me bem na igreja. As palavras do padre, que antigamente eram um sacrificio ouvir ou que eu ouvia mas tinha que fazer um esforço para me concentrar, foram fáceis de assimilar. Interessava-me realmente e compreendia o que ele estava a dizer, mesmo que às vezes a minha sobrancelha se levantasse por alguma palavra que não me caía no goto. Claro que temos que dar mérito ao Padre Carlos que sabe muito bem falar às pessoas. O coro também ajudou, as músicas puxaram-me. O poder das melodias e das letras que eu sabia de cor.
E fico a pensar o que é melhor e me dá mais prazer. Uma relação ocasional mas que me apaixona cada vez que me reencontro com a igreja ou uma relação mais estruturada, estável e completa? Para pensar.
Ao mesmo tempo... estava sentada na igreja e alguns bancos à frente, para o lado esquerdo, chegou alguém que me pareceu familiar. Não pude confirmar logo mas tudo me levava a crer que fosse quem eu estava a pensar.
Finalmente, ela virou-se e era mesmo! Nunca fomos amigas, éramos conhecidas, quase até indiferentes mas viamo-nos diariamente. Já não a via há alguns anos e agora ela tem uma filha.
Quando eu oiço dizer que uma pessoa da minha idade se casou ou teve um filho, a minha primeira reacção é assustar-me e suspirar de alívio por não ser eu, tão nova, a ficar tão presa! Mas eu nunca tinha visto uma pessoa da minha idade e minha conhecida a lidar com a filha. Ou seja, em plena realidade diária do que é ter um filho e ter de lhe pegar ao colo e ter de o calar e abraçá-lo. E aí a minha reacção não foi de rejeição mas de curiosidade e comoção. E não posso deixar de pensar que enquanto algumas pessoas estão a fazer blogues, outras estão a esforçar-se por criar filhos. Enfim, são vidas diferentes.
No final, não resisti em ir ter com ela e falar-lhe.
Foi uma hora bonita, essa que estive na igreja. Enquanto lá estava sabia que tinha de escrever sobre isso.
sábado, 21 de março de 2009
Ensaio sobre a Sinceridade
Fui à procura. Realmente, criar um blog não tem nada de mais. Mas tive de adiar o processo quando na página me apareceu um espaço para preencher com o nome do blog e do endereço. Aquilo era um passo importante, dar um nome ao blog. Sim, já tinha pensado vagamente nesse assunto e sabia mais ou menos o sentido que queria dar à coisa. Um título que reflectisse a posição que eu preciso de ter, para a qual quero dirigir a minha vida: a verdade, tudo o que é verdadeiro e sincero. Experimentei coisas como Procurar a verdade, Dizer a verdade entre outras que já não me lembro. Todos os títulos que tentei já estavam atribuídos. Resolvi desistir naquele dia.
Eis senão quando, no dia seguinte, tive uma ideia luminosa. Claro! Era aquilo mesmo. Veio-me à memória aquele texto que eu tinha lido há um tempo atrás. Chamou-me logo a atenção pelo título e depois por algumas partes do conteúdo. Aquele texto dizia-me tanto e ao mesmo tempo tão pouco! O título tem um significado implícito muito importante para mim e ideal para o título do meu blog.
Problema: O texto não era meu, não sabia se o autor iria achar muita piada a esta minha ideia luminosa. Mas eu conhecia o autor, o meu amigo David Ramilo. Tinha de lhe perguntar.
Aparentemente o problema era só na minha cabeça. Ele disse que até era uma honra! Obrigada David!
Ainda fiquei a aprender uma coisa naquele dia. "Há tanto tempo que não escrevo um Ensaio!" dizia o David. "Mas um Ensaio é um tipo de texto?" Sim, parece que um Ensaio é uma reflexão aprofundada sobre um tema. E eu a pensar que era uma analogia com o Ensaio sobre a Cegueira! Tinha a sua piada! Às vezes a ignorância é tão inocente!
Agora que já sei a verdade, garanto que não quero fazer deste blog um Ensaio sobre a Sinceridade com grandes teorias metafísicas e não sei mais o quê. Só quero que seja um ensaio, ensaio de ensaiar, de tentativa de ser sincera. Ou seja, o que eu gosto, o que eu não gosto, o que mexe comigo. Sei lá, o que me apetecer!
quinta-feira, 5 de março de 2009
Um Blog
Ultimamente tomei consciência da minha desorganização. Não só na sua forma concreta (quem é que já não ouviu falar nas coisas que eu deixo perdidas aqui e ali?), mas sobretudo no que não dá para ver, as coisas que se passam na minha cabeça. Sei muito bem de um certo poder organizador que a escrita tem sobre mim. Um blog só me podia ajudar. Depois... seria uma optima oportunidade para me dedicar a um projecto, uma coisa só minha. Conseguir fazer uma coisa bonita, com pés e cabeça.
De facto, passaram-me pela cabeça as palavras da Lena uns dias antes. "Tu, que até tens jeito para escrever." Não sei se tenho jeito. Tenho tanto jeito como todas as pessoas que escrevem porque lhes apetece ou, mais ainda, porque precisam.
Finalmente, um blog para partilhar com vocês. Porque é mesmo a partilha que nos enriquece e, se não for de outra forma, que seja aqui.
Uma das minhas consciências dizia-me isto. A outra lembrou-me da banalidade da internet, da moda dos blogs, da exposição das minhas ideias ali, para toda a gente ver. Não preciso de dizer qual delas ganhou. A primeira abraçou completamente a segunda. Mas é bom mesmo que a minha segunda consciência fique aqui registada. Só para me lembrar que não posso baixar o nível, que pelo menos devo mantê-lo dentro de certos limites. É a chamada amplitude de nível!
E foi assim que vários neurónios do meu cérebro que estavam noutra, que não estavam nem aí, se foram encaminhando para formarem um aglomerado a que todos concordaram chamar de Blog.