domingo, 22 de março de 2009

Felizes são os pés daqueles que vivem e anunciam a verdade

No outro dia fui à missa. Não era domingo. Fui à missa porque o meu avô morreu há sete anos. Já passaram 7 anos? Eu estava no 10º ano, já acabei o meu curso de 4 anos e agora estou no ano zero. Confirma.
Ao contrário das outras missas semanais, esta teve coro. Era dia do pai, a missa foi especial. Agora me recordo de irmos à missa nos 19 de Março e de alguém dizer sempre "A missa do dia do pai é muito bonita." Agora lembrei-me, mas quando entrei na igreja estava completamente esquecida disto.
A minha ida à missa nesse dia faz-me lembrar o que a Susana me disse um dia sobre um amigo ou amiga dela. Não nos vemos muitas vezes, mas quando nos vemos podemos falar de tudo!
Sinto-me bem na igreja. As palavras do padre, que antigamente eram um sacrificio ouvir ou que eu ouvia mas tinha que fazer um esforço para me concentrar, foram fáceis de assimilar. Interessava-me realmente e compreendia o que ele estava a dizer, mesmo que às vezes a minha sobrancelha se levantasse por alguma palavra que não me caía no goto. Claro que temos que dar mérito ao Padre Carlos que sabe muito bem falar às pessoas. O coro também ajudou, as músicas puxaram-me. O poder das melodias e das letras que eu sabia de cor.
E fico a pensar o que é melhor e me dá mais prazer. Uma relação ocasional mas que me apaixona cada vez que me reencontro com a igreja ou uma relação mais estruturada, estável e completa? Para pensar.
Ao mesmo tempo... estava sentada na igreja e alguns bancos à frente, para o lado esquerdo, chegou alguém que me pareceu familiar. Não pude confirmar logo mas tudo me levava a crer que fosse quem eu estava a pensar.
Finalmente, ela virou-se e era mesmo! Nunca fomos amigas, éramos conhecidas, quase até indiferentes mas viamo-nos diariamente. Já não a via há alguns anos e agora ela tem uma filha.
Quando eu oiço dizer que uma pessoa da minha idade se casou ou teve um filho, a minha primeira reacção é assustar-me e suspirar de alívio por não ser eu, tão nova, a ficar tão presa! Mas eu nunca tinha visto uma pessoa da minha idade e minha conhecida a lidar com a filha. Ou seja, em plena realidade diária do que é ter um filho e ter de lhe pegar ao colo e ter de o calar e abraçá-lo. E aí a minha reacção não foi de rejeição mas de curiosidade e comoção. E não posso deixar de pensar que enquanto algumas pessoas estão a fazer blogues, outras estão a esforçar-se por criar filhos. Enfim, são vidas diferentes.
No final, não resisti em ir ter com ela e falar-lhe.
Foi uma hora bonita, essa que estive na igreja. Enquanto lá estava sabia que tinha de escrever sobre isso.

sábado, 21 de março de 2009

Ensaio sobre a Sinceridade

Naquele fim-de-semana ficou decidido que eu ia fazer um blog. Havia então que passar à prática. Perguntei logo ao Nuno, o meu irmão, se ele sabia alguma coisa sobre como se fazia um blog. Ele disse que nem por isso, mas que não havia de ser difícil. Eu própria já tive uma breve experiência nesse mundo. O blog dos Gambuzinos. Mas quem criou o blog foi a Susana, ela é que tratou da parte mais burocrática. E para além do mais, ela estava sempre a dizer que eu nunca lá escrevia!
Fui à procura. Realmente, criar um blog não tem nada de mais. Mas tive de adiar o processo quando na página me apareceu um espaço para preencher com o nome do blog e do endereço. Aquilo era um passo importante, dar um nome ao blog. Sim, já tinha pensado vagamente nesse assunto e sabia mais ou menos o sentido que queria dar à coisa. Um título que reflectisse a posição que eu preciso de ter, para a qual quero dirigir a minha vida: a verdade, tudo o que é verdadeiro e sincero. Experimentei coisas como Procurar a verdade, Dizer a verdade entre outras que já não me lembro. Todos os títulos que tentei já estavam atribuídos. Resolvi desistir naquele dia.
Eis senão quando, no dia seguinte, tive uma ideia luminosa. Claro! Era aquilo mesmo. Veio-me à memória aquele texto que eu tinha lido há um tempo atrás. Chamou-me logo a atenção pelo título e depois por algumas partes do conteúdo. Aquele texto dizia-me tanto e ao mesmo tempo tão pouco! O título tem um significado implícito muito importante para mim e ideal para o título do meu blog.
Problema: O texto não era meu, não sabia se o autor iria achar muita piada a esta minha ideia luminosa. Mas eu conhecia o autor, o meu amigo David Ramilo. Tinha de lhe perguntar.
Aparentemente o problema era só na minha cabeça. Ele disse que até era uma honra! Obrigada David!
Ainda fiquei a aprender uma coisa naquele dia. "Há tanto tempo que não escrevo um Ensaio!" dizia o David. "Mas um Ensaio é um tipo de texto?" Sim, parece que um Ensaio é uma reflexão aprofundada sobre um tema. E eu a pensar que era uma analogia com o Ensaio sobre a Cegueira! Tinha a sua piada! Às vezes a ignorância é tão inocente!
Agora que já sei a verdade, garanto que não quero fazer deste blog um Ensaio sobre a Sinceridade com grandes teorias metafísicas e não sei mais o quê. Só quero que seja um ensaio, ensaio de ensaiar, de tentativa de ser sincera. Ou seja, o que eu gosto, o que eu não gosto, o que mexe comigo. Sei lá, o que me apetecer!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Um Blog

A ideia surgiu estava eu a caminho das Mouriscas, mesmo quase a chegar, no banco de trás do meu carro. Não sei bem dizer mas acho que a ideia já me tinha passado pela cabeça mas nunca a levei a sério. Mas porque não? Um blog iria responder a muitas das minhas necessidades eminentes.
Ultimamente tomei consciência da minha desorganização. Não só na sua forma concreta (quem é que já não ouviu falar nas coisas que eu deixo perdidas aqui e ali?), mas sobretudo no que não dá para ver, as coisas que se passam na minha cabeça. Sei muito bem de um certo poder organizador que a escrita tem sobre mim. Um blog só me podia ajudar. Depois... seria uma optima oportunidade para me dedicar a um projecto, uma coisa só minha. Conseguir fazer uma coisa bonita, com pés e cabeça.
De facto, passaram-me pela cabeça as palavras da Lena uns dias antes. "Tu, que até tens jeito para escrever." Não sei se tenho jeito. Tenho tanto jeito como todas as pessoas que escrevem porque lhes apetece ou, mais ainda, porque precisam.
Finalmente, um blog para partilhar com vocês. Porque é mesmo a partilha que nos enriquece e, se não for de outra forma, que seja aqui.
Uma das minhas consciências dizia-me isto. A outra lembrou-me da banalidade da internet, da moda dos blogs, da exposição das minhas ideias ali, para toda a gente ver. Não preciso de dizer qual delas ganhou. A primeira abraçou completamente a segunda. Mas é bom mesmo que a minha segunda consciência fique aqui registada. Só para me lembrar que não posso baixar o nível, que pelo menos devo mantê-lo dentro de certos limites. É a chamada amplitude de nível!
E foi assim que vários neurónios do meu cérebro que estavam noutra, que não estavam nem aí, se foram encaminhando para formarem um aglomerado a que todos concordaram chamar de Blog.
Tudo isto sob o olhar atento e o ar puro das Mouriscas.

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