sábado, 23 de maio de 2009

Dancemos no Mundo

Esta música é linda!

Dancemos no Mundo (Sérgio Godinho)

Isto é como tudo
não há-de ser nada
a minha namorada
é tudo que eu queira
mas vive para lá da fronteira

Separam-nos cordas
separam-nos credos
e creio que medos
e creio que leis
nos colam à pele papéis

Tratados, acordos
são pântanos, lodos

Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só

Por ódio passado
(que seja maldito)
amor favorito
não tem importância
se for é de circunstância

Separam-nos crimes
separam-nos cores
a noite é de horrores
quem disse que é lindo
o sol-posto de um dia findo

Sozinho adormeço
E em teu corpo apareço
Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só

Em passos tão simples
trocar endereços
num mundo de acessos
ar onde sufocas
lugar de supostas trocas

Separam-nos facas
separam-nos fatwas
pai-nossos e datas
e excomunhões
acondicionando paixões

Acenda-se a tua
luz na minha rua

Pisemos a pista
é bom que se insista
dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo
sem corpo visível
dançar como amigo
se fosse possível
dois pares de sapatos
levantando o pó
dançar como amigo só

quarta-feira, 13 de maio de 2009

(Bons) Velhos Tempos

Há bocado fui à Leal. Para quem não sabe, a Leal ou Escola Secundária de Leal da Câmara era a minha escola secundária. Para quem sabe, percebe exactamente onde eu fui se eu disser simplesmente "Fui à Leal". Fui à Leal mas no caminho encontrei a minha professora de Português da Padre Alberto Neto, a preparatória. Que aluna brilhante que eu era nessa altura, por volta do 5º e do 6º ano, com esta professora. Depois fui à Leal, já lá tinha estado dois dias antes. Nesse dia vi o Sr. João e enquanto esperava que me atendessem na secretaria resolvi espreitar. Estava um poster à porta do pavilhão central que informava que na semana anterior tinha havido uma conferência sobre as eleições europeias com a deputada Ana Gomes. Sempre na vanguarda da actualidade, esta escola. A biblioteca foi ampliada, tem um aspecto muito mais moderno.
Hoje tratei do que tinha a tratar. Fui à secretaria e à papelaria. Resolvi beber água naquele chafariz ao pé do bar. Os chafarizes foram remodelados enquanto eu estudava na Leal. Custa horrores a abrir a água porque tem que se fazer imensa força e ao mesmo tempo tem-se medo que a força seja tanta que nos deixe completamente molhados. Vi a Dona Celeste a subir as escadas do pavilhão E, ela não me viu. Parei na cascata. Ainda lá estão as tartarugas! Comecei a descer as escadas para me vir embora, estava um casalinho a namorar ao pé do chafariz do pavilhão C.
De repente tenho 15 anos outra vez e estou na Leal. E tento lembrar-me onde é que eu andava quando tinha mesmo 15 anos, onde é que andava a minha cabeça, o que é que eu pensava e fazia? Será que via tudo o que estava à frente dos meus olhos?
Voltei para casa. Encontrei de novo a minha professora de Português no mesmo sítio. Fiz o caminho como o fazia quando estudava. Passei pela escola primária, a Dona Cruz estava ao portão. Vi que ficou contente por me ver. A Dona Cruz era auxiliar na escola primária no meu tempo e continua a ser, é uma figura muito querida e que faz parte da escola. Estivémos a lembrar aquele tempo, os manjericos, os meus avós. Acabei por entrar para ver a horta, que antigamente era dos manjericos e agora é dos alunos do 4º ano. A Dona Cruz tem muito boas recordações desse tempo e alguma saudade. Eu lembro-me mas já não pensava nisso à muito tempo.
Hoje parece que tirei o dia para um regresso ao passado. Mas o que é incrível é que isto é preciso. O presente e o futuro só fazem sentido com um passado. Não faz sentido fecharmos tudo o que está para trás e fazer de conta que somos uma coisa completamente diferente do que éramos. Há algures um fio condutor, por mais difícil de ver que ele seja ou por mais esquecido que esteja.

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